segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A Colina Escarlate - Resenha Inicial e Destrinchamento do Filme


A Colina Escarlarte é um filme do gênero terror/fantasia, mas com uma cara de romance gótico, de 2015 dirigido por Guillermo Del Toro (Labirinto do Fauno, O Círculo de Fogo), estrelado por Jessica Chastain, Tom Hiddlestone e Mia Wasikowska. Está avaliado com uma média de 7,1 no IMDB.

O filme conta a história de Edith Cushing (Mia Wasikowska), que logo no início do filme nos revela que é capaz de ver fantasmas. Edith conhece o misterioso Thomas Sharpe (Tom Hiddlestone) e daí para frente as peripécias do filme se desenrolam e qualquer revelação adiante pode caracterizar um spoiler.

O Diretor é conhecido por sempre buscar em suas películas um visual diferente, que impressione os espectadores. Em Labirinto do Fauno, o estilo soturno combinado com o protagonismo de uma criança numa história fantástica, bem poderia ser o retrato de um livro infantil escrito por Neil Gaiman.

Nos filmes da série Hellboy isso também é perceptível, haja vista a quantidade de seres curiosos e tomadas de ação esquizofrênicas que o filme exige. Em O Círculo de Fogo encaramos a versão cinematográfica do que seriam as lutas de um Gundam Wing ou Evangelion em formato Hollywoodiano,

Nesse sentido, em  Colina Escarlate, essa busca pela imagem é, talvez, o que o filme tem de melhor. A paleta de cores é bem escolhida, e o visual dark permeia todo o filme. Em outras palavras, pontos para a fotografia e para a direção de arte. O design dos fantasmas é algo interessante, apesar de que se pode dizer que um pouco caricato demais.

A atuação dos atores é competente, a despeito de ser bastante teatral, o que talvez seja uma exigência dado o clima que o filme quer passar: toda aquela pompa de novelas de época das 6.

Mas a maior falha do filme está em seu roteiro, e falaremos dele a seguir, portanto se não quer spoilers, Run to the Hills!

FALHAS DE ROTEIRO (ATENÇÃO: SPOILERS, É SÉRIO)

Se a fotografia é o que o filme tem de melhor, o roteiro, infelizmente é o que tem de pior. Apesar do potencial para uma história muito interessante, há muitos furos, que, se fossem isolados, não haveria problema, afinal a linguagem do cinema exige do espectador a aceitação de certar "mentirinhas". No entanto, todas juntas, fazem da história um queijo suíço mal-contado. São os furos:

(1) Thomas Sharpe e sua irmã seriam os principais suspeitos no caso do pai de Edith morrer. Eles são as pessoas diferentes, o pai de Edith recusou financiar o projeto de Sharpe, além de ter contratado um detetive particular para investigá-lo, além de ter assinado um cheque para o sujeito antes de ele partir, além da filha dele ter brigado com Thomas em público um dia antes dele morrer, além de Sharpe ter casado com Edith depois que ele morreu, além de Sharpe ter aparecido na casa do pai de Edith para buscá-la depois dele ter saído. O filme resolve esse problema (1), com o furo número (2);

(2) O pai de Edith é assassinado tendo sua cabeça esmagada contra a pia de um banheiro público (nem considerarei como furo o fato de um homem muito rico ficar completamente sozinho tempo suficiente para ser assassinado e o matador não deixar quaisquer pistas), e mesmo assim considera-se que ele morreu por ter "escorregado";

(3) Ninguém no correio sabia que Thomas Sharpe já tivera 3 esposas. Tudo bem, mas as três eram ricas e tal e absolutamente ninguém daria falta delas? Tudo bem também, de fato é possível, por ser a tal Colina isolada;

(4) Um criado que aparece no filme quando Sharpe chega à sua mansão com sua nova esposa, some no resto do filme inteiro;

(5) Qual é a do cachorro?

(6) O médico amigo de Edith, que suspeita que o pai dela foi assassinado, vai à colina, sozinho, sem armas e confronta sujeitos que são possivelmente psicopatas sem nenhum tipo de meio de se defender. Como esse gênio passou no vestibular de medicina?

(7) Edith, totalmente debilitada, cai de uma altura de 2 andares, e, ainda que a queda tenha sido amortecida, no final ela luta com um vigor que pouco homens saudáveis teriam.

Outro ponto, que não tem a ver com furos, é de que todo o mistério é, de fato, descoberto, de uma maneira muito simples. Edith acha uma caixa que contém todos os itens necessários a ela para desvendar o mistério. Ainda que ela tivesse suspeitado da maioria das coisas antes, o filme entrega o ouro muito fácil e rapidamente (talvez para que o filme encaixasse em determinado tempo para ser exibido nos cinemas. Acredito que, uma trama tão complexa e intrincado quanto a que o filme queria desenvolver, precisaria de mais tempo para se desenrolar naturalmente.

Por fim, apesar de todos os poréns, o filme é bom e interessante, e recomendado para quem gosta desse estilo mais gótica, que lembra algo de O Labirinto do Fauno, mas sem expectativas gigantes, pois caso tenha, sem dúvidas, irá se decepcionar.

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