Título: Ubik
Autor: Philip K. Dick
Publicação original: 1969
Número de páginas: 240
Editora no Brasil: Aleph
ISBN: 9780547572291
Ubik é, antes de tudo, uma verdadeira crítica ao consumismo capitalista dos dias de hoje. Logo no começo do livro, ao sermos apresentados ao personagem Joe Chip, já percebemos tal elemento da história. Joe tem de pagar não apenas para que sua própria cafeteira funcione, mas também para que a porta de sua geladeira abra e também para que a de sua própria casa abra para que ele receba visitas ou saia dela! A porta até mesmo refuta as tentativas de Joe de não pagá-la. Outro aspecto do consumismo representado na obra são os meios de pagamento, muitas vezes confusos, apresentados no seguinte trecho:
“- Pagarei a conta vencida com a Chave Mágica Triangular – ele
informou a seu antagonista sombrio – Isso deve transferir a dívida
para fora de sua jurisdição. Em seus registros constará
restituição total.
- Mais multas mais punições.
- Passarei tudo isso para minha Chave em Forma de Coração...”
Além disso, Dick desenvolve a narrativa dando uma abordagem à morte
e como as pessoas lidam com ela em um mundo em que se pode prolongar
a “vida” através de uma chamada meia-vida. Nesta, as pessoas
ficam em um estado quase vegetativo com um determinado número de
vezes que pode ser “acordada” e interagir com seus familiares
através de aparelhos que permitem que estes escutem o indivíduo
mesmo que ele não possa controlar mais seu corpo. Vale ressaltar que
esse estado é descrito como um período de espera para que a pessoa
possa renascer em outro útero, sendo que ela constantemente vê uma
luz que, dependendo de suas características, indica como serão as
condições iniciais em sua nova vida, o que resulta em comentários
interessantes de como as pessoas lidam como essa espécie de certeza
de um renascimento.
Outro elemento integral da história são os poderes psiônicos dos
personagens, sendo a empresa para qual Joe Chip trabalha uma espécie
de segurança privada, que impede que telepatas e precogs explorem
determinadas empresas comuns sem que estas saibam ou possam se
defender. Todo esse conceito é muito interessante e contribui mais
ainda para o ambiente capitalista em que se passa a história, uma
vez que não apenas verifica-se o consumismo desenfreado e enraizado
como também a própria morte, através dos moratórios (locais em
que permanecem as pessoas em meia-vida), é explorada do ponto de
vista capitalista. Assim, os aspectos mais estranhos a se pensar da
humanidade como uma espécie de vida após a morte e poderes
paranormais são integrados a sociedade de maneira capitalista e
vista como comum por todos.
Em certos momentos a história fica um pouco confusa devido as
possibilidades de o que realmente está acontecendo, uma vez que Joe
Chip e vários outros empregagados da Runciter e Associados se
encontram em uma situação estranha e ameaçadora depois de uma
missão na Lua que acaba em traição e na explosão de uma bomba.
Não comentarei mais a respeito disso para não estragar a surpresa,
já que o próprio plot twist ao final do livro, mesmo que de certa
forma já apresentado como uma possibilidade no decorrer do mesmo
ainda é supreendente e incrível, tendo-se em vista que são
apresentadas outras possíveis explicações quando Chip começa a
conjecturar o que está acontecendo realmente.
Portanto, Ubik, como outras obras de Philip K. Dick, é uma abordagem
de questões metafísicas, teológicas e que exploram a mente humana
em cenários que representam as perspectivas humanas e nosso
potencial mental verdadeiro, brincando com a imaginação e
requerendo uma boa dose de atenção caso o leitor queira entender
tudo aquilo que se implica a partir da leitura do livro.
O verdadeiro final do livro ainda dá um nó em sua cabeça, fazendo
com que questione-se tudo o que tinha pensado compreender no decorrer
da história, isso garante até uma possível nova leitura logo após
a primeira.
Oi de novo! A pessoa louca aqui resolveu comentar em vários posts de uma vez só. Não repare não... =P
ResponderExcluirEu gostei muito de Ubik. A crítica a nossa sociedade de consumo foi para mim o melhor aspecto do livro. Aquele final então... Nossa! Incrível.
Eu escrevi uma resenha para Ubik lá no meu blog, caso te interesse:
http://maquiadanalivraria.blogspot.com.br/2014/05/ubik-philip-k-dick.html
Beijo!
Eduarda, do Maquiada na Livraria.