Título: O Nome do Vento
Autor: Patrick Rothfuss
Publicação original: 2007
Número de páginas: 656
Editora no Brasil: Arqueiro
Arte da capa: Marc Simonetti
ISBN: 9788599296493
Se você procura por um livro de fantasia com uma história envolvente, personagens complexos, criaturas fantásticas e magia (obviamente) o Nome do Vento pode ser a resposta à sua procura. Patrick Rothfuss gastou sete anos escrevendo-o, o que pode significar muito para aqueles que procuram um romance bem elaborado. O livro faz parte da trilogia “A crônica do matador do rei”, a qual já foi publicada até seu segundo volume (O temor do sábio), inclusive no Brasil.
A história é contada em duas linhas narrativas. A primeira é a que introduz o hospedeiro Kote, dono da hospedaria Marco do Percurso e seu amigo Bast. Os dois parecem viver de forma pacata e simplória, porém, passo a passo, a verdadeira identidade de Kote vai sendo revelada a partir da chegada de um certo colecionador de histórias à cidade. Este é, por sua vez, o grande Cronista, responsável por apanhar histórias de personagens famosos dos Quatro Cantos. O Cronista reconhece de imediato Kote como sendo o grande Kvothe, lendário guerreiro, amante insaciável, músico talentoso, o “Sem-sangue” etc.
Com a possibilidade de obter mais uma grande história e desvendar o homem por trás do mito, o Cronista pede a Kvothe que narre sua biografia para efeitos de comparação com os boatos extremamente exagerados de sua figura heroica. Kvothe, apesar da dor e do pesar que a história pode trazer, concorda em contá-la, garantindo que contará apenas a verdade. Além disso, Kvothe pede três dias para que a sua narrativa seja completa e satisfatória, daí o subtítulo do primeiro livro da trilogia “A crônica do matador do rei: Primeiro dia”.
Aqui é momento em que a segunda linha narrativa começa. Kvothe inicia sua crônica descrevendo sua infância na trupe de seu pai, os Edena Ruh. O velho arcano Abenthy se junta à trupe e acaba ensinando ao garoto muito do que ele precisa para entrar na tão sonhada Universidade. Kvothe cresce com o brutal assassinato de sua trupe pelo, até então considerado mito, Chandriano. Assim, Kvothe, agora órfão, em uma tentativa de buscar conhecimento sobre o grupo, entra na Universidade.
Longe de ser somente um romance que trata de uma vingança pela morte dos pais de Kvothe, O Nome do vento tenta ser um relato desmistificado de uma lenda. Kvothe tenta, a todo ponto demonstrar não seus grandes feitos com os absurdos de que todos falam. Este, por sua vez, tem a plena intenção de dar à sua própria história uma versão realista, portanto, vários fatos que são comumente esquecidos são trazidos à tona: nosso personagem principal é uma pessoa pobre, que sofre constantemente preconceitos por sua condição de Edena Ruh e que precisa desesperadamente trabalhar para pagar seus estudos. Todos nos Quatro Cantos se lembram de sua boa qualidade como um músico que faz homens chorarem como crianças, mas ninguém se lembra do momento em que sua família foi destroçada, e o garoto, pouco mais que uma criança, viu-se em um mundo em que seu único companheiro era seu alaúde.
O Nome do Vento, além de sua história incrível (permeada por sátiras às história heroicas, sofrimento, rivalidade, romance, etc), apresenta vários novos sistemas de magia, como as simpatias (transição de energia de um objeto a outro por meio da conexão Alar que se forma na mente do mago) e a nomeação (a mais poderosa, baseada no conhecimento do verdadeiro nome da coisa que se deseja controlar). Outros sistemas são a artificiaria (simpatia através de runas) e a alquimia (que, segundo Kvothe não é o mesmo que a química, estaria mais perto de uma linha alternativa a esta, seguindo diferentes leis).
O livro é bastante criativo em questão de sistemas mágicos, porém deixa a desejar na constituição do mundo que envolve a história. O mapa de O Nome do Vento possui poucas localidades assinaladas (que são exploradas com mais afinco no segundo livro da trilogia). Outro ponto fraco no livro é a história de eras passadas dos Quatro Cantos (seus impérios, suas quedas, seus heróis etc) que são rapidamente mencionados apenas. Em alguns pontos, entretanto, Rothfuss demonstra maestria. Fantástica/Épica é a história da criação do mundo dada por Skarpi.
Rothfuss demonstra ter enorme potencial como escritor de literatura fantástica. O autor busca dar a uma história de fantasia o realismo e a verossimilhança tão buscados atualmente no gênero. E isso, pode-se garantir que o faz com magnicficência. A ilustração de capa de Marc Simonetti também traz esse ar de epicidade. Sim, a ilustração é perfeita. Muitos leitores se sentirão atraídos pela capa. A esses, só digo que a história a supera logo no início.
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