quinta-feira, 24 de julho de 2014

Resenha: O Fim da Eternidade

Título: O Fim da Eternidade

Autor: Isaac Asimov

Publicação original: 1955

Número de páginas: 256

Editora no Brasil: Aleph

ISBN:9788576570417


Com O Fim da Eternidade, Isaac Asimov revela mais uma vez porque recebeu o título de um dos maiores mestres da ficção científica. Ao lado de Robert A Heinlein e Arthur C. Clarke o autor é considerado um dos “Três Grandes” escritores de ficção científica de seu tempo, título mais do que merecido.

O romance, escrito em 1955, permanece até hoje como um dos maiores clássicos da ficção científica, agregando características de thriller e mistério. O livro também demonstra mais uma vez porque o gênero ficção científica deve ser considerado um transmissor de ideias tanto científicas como filosóficas. 

No futuro, há uma organização chamada Eternidade. Tal organização tem a função de alterar a Realidade com o fim de estabelecer o maior bem estar possível da humanidade em quase todos os séculos de sua existência. O romance não deixa claro em qual intervalo de séculos a Eternidade estuda os seres humanos, mas, presumivelmente, tal intervalo começa no século 27, quando o primeiro campo temporal foi inventado, e vai até o século 70.000, pois após esse século, há os chamados “séculos ocultos” e não há humanidade.

O trabalho dos Eternos é propor “Mudanças Mínimas Necessárias” de Realidade para não alterar gravemente os séculos posteriores. Algumas dessas mudanças são, por exemplo: a alteração do lugar de um frasco para outra prateleira; o emperramento de uma embreagem para impedir que um estudante chegue a uma palestra etc. Tais MMNs vão perdendo efeito ao correr dos séculos até não poderem mais ser detectadas. As mudanças são propostas com o fim de extinguir um evento extremamente danoso em algum século posterior (uma guerra, por exemplo). 

A função dos Eternos é altamente imoral, e essa é a discussão central do livro. Com as constantes mudanças de Realidade, várias pessoas mudam de personalidade ou deixam de existir, vários inventos desaparecem por apresentarem riscos à humanidade, várias culturas são silenciadas, o “anormal” é dilacerado. Os Eternos agem a partir de uma lógica filosófica totalmente utilitarista, em que a felicidade de alguns pode ser suprimida para o bem maior, o que importa são os números de pessoas beneficiadas. 

Vale lembrar também que muitas sinopses engessam a história do livro com uma conotação meramente romântica. Mas o livro não se resume a isso. É um engano tremendo resumir o enredo a, simplesmente, a história de amor de Andrew Harlan e Noÿs Lambent, mesmo que esse seja um ponto essencial do livro. É o conjunto de O Fim da Eternidade que o faz ser considerado um clássico da ficção científica. Sendo seu tratamento filosófico, sua criatividade tecnológica, o tratamento dado à evolução humana e os vários desfechos possíveis suas principais características que o levaram a ser assim considerado. 

Ressalte-se também que O Fim da Eternidade pode funcionar como prelúdio ás séries Império Galáctico e Fundação. “Pode funcionar” porque nem o próprio Asimov confirma isso, apesar de ter deixado algumas pistas em “Os Limites da Fundação” (quarto livro da série Fundação, de 1982). Maiores informações aqui não são possíveis, pois corre-se o risco de informar pontos essenciais da trama de duas séries de peso, o que ficará para um próximo post.

Um comentário:

  1. Excelente resenha! Concordo com você que o romance, apesar de importante para a história, definitivamente não é o foco. E olhe que esse é o livro mais "romântico" de Asimov que li até hoje... Rsrsrsrsrs. Eu confesso que não fui muito com a cara da Noys, mas gostei de ver uma protagonista mulher em um livro dele.
    Eu li a Trilogia da Fundação e só depois li O Fim da Eternidade e acho que isso fez toda a diferença. Aquele final me deixou de queixo caído. Fiquei imaginando que todo o progresso da humanidade poderia ter sido barrado pela Eternidade, o que acabaria com a história da Fundação também! Achei incrível esse link que Asimov fez entre as histórias, principalmente levando em conta que na Fundação os humanos nem lembram onde eles surgiram.
    O que eu achei mais incrível desse livro é a ligação que ele faz entre o desejo humano e a ciência. É como se tirando a ciência do ser humano você retirasse dele também a vontade de viver, todo o seu potencial. Pelo visto Asimov não consegue conceber uma civilização humana que não tenda ao progressa e ao desenvolvimento científico, nem que seja a longo prazo.
    Um beijo!
    Eduarda, do Maquiada na Livraria.
    http://maquiadanalivraria.blogspot.com.br/

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